PCP condena despedimento
e apela à união e luta

Brutal ataque nos <i>Estaleiros</i> de Viana

O anunciado despedimento de 380 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo representa um brutal ataque e exige união e luta de todos os trabalhadores e da população, em defesa daquele símbolo maior do Alto Minho.

PS, PSD e CDS praticam a política que destrói a produção nacional

Image 7911

A posição do PCP, perante a decisão revelada terça-feira pela administração dos ENVC, foi expressa num comunicado do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo. O documento foi distribuído ontem, de manhã, à entrada dos Estaleiros, onde esteve uma delegação do Partido. João Frazão, da Comissão Política, Filipe Vintém e João Correia, do Comité Central, acompanhados por outros camaradas, manifestaram solidariedade com os trabalhadores ameaçados de despedimento e apelaram à luta em defesa dos postos de trabalho.

Querer despedir mais de metade dos 720 trabalhadores que hoje integram os Estaleiros constitui «um brutal ataque a todos os trabalhadores dos ENVC, dos quais dependem centenas de famílias» e «evidencia bem a desumanidade dos que têm responsabilidades nesta situação», afirma-se no documento, apontando PS, PSD e CDS.

Mas este é ainda «um brutal ataque à região do Alto Minho, onde esta empresa é um pilar do desenvolvimento», quer pelo volume de emprego directo, quer por garantir «milhares de outros empregos, a montante e a jusante».

O despedimento é também «um brutal ataque à produção nacional, representando um passo mais para a destruição do aparelho produtivo nacional, que tantos hoje dizem defender».

 

Ameaça consumada

 

A anunciada intenção da administração estará inserida num plano de reestruturação, que foi elaborado e está a ser posto em prática sem que tenham sido ouvidas as estruturas representativas dos trabalhadores, que receberam a comunicação como um facto consumado.

O PCP lembra que «já há muito» vinha denunciando as intenções desta administração dos ENVC, que «veio para Viana do Castelo com a clara intenção de liquidar a última grande empresa de construção naval com capacidade de projecto no País». Para fundamentar a acusação, «basta olhar para o currículo de alguns dos actuais administradores e o papel que tiveram no desmantelamento de outros estaleiros navais no Sul do País».

A responsabilidade «não pode ser só atribuída a esta administração» e «tem que ser repartida pelo PS, PSD e CDS, executores da política de direita e que ao longo das últimas décadas desmantelaram grande parte da tecido produtivo nacional». «Não será pelo facto de anunciarem estas medidas num período em que o Governo do PS já não está bem em funções e o Governo PSD/CDS ainda não assumiu as pastas, que se livram, uns e outros, do rasto de destruição» que tal política – por todos apoiada – provocou e continua a provocar.

O PCP lembra que «sempre admitiu medidas de reestruturação nos ENVC, mas uma reestruturação que preservasse o seu activo mais valioso, que são os seus trabalhadores».

Tal como aconteceu noutros estaleiros nacionais, o objectivo destes despedimentos é «emagrecer a estrutura dos ENVC, para daqui a alguns meses, darem a machadada final, com a sua privatização, que aliás está contemplada do acordo do PS, PSD e CDS com a troika». Neste caso, pretendem «entregar, de mão beijada, aos grandes interesses do capital estrangeiro os contratos já firmados com a Marinha Portuguesa e com outras entidades, no valor de 500 milhões de euros».

Os trabalhadores dos ENVC «podem contar com o PCP na resistência a estas intenções», salientando a direcção regional que, sendo essa luta desenvolvida pelos direitos dos trabalhadores, «é também um grito e um contributo solidário e patriótico contra o rumo de desastre para que os governos do PS nos levaram e que agora PSD e CDS querem prosseguir».

Este caso foi colocado ontem no Parlamento Europeu por Ilda Figueiredo. A deputada do PCP registou que foi desrespeitada a directiva comunitária que obriga, em caso de reestruturação de qualquer em empresa, que os trabalhadores sejam ouvidos através dos seus legítimos representantes.



Mais artigos de: PCP

Um livro indispensável que nasceu por acaso

Vidas na Clandestinidade, de Cristina Nogueira, apresentado na quinta-feira, é uma obra indispensável para os militantes comunistas e para todos quantos querem ver concretizada a consigna fascismo nunca mais!

Jornada de contacto do PCP

No dia em que toma posse o novo Governo da mesma velha política, desta feita liderado pelo PSD aliado ao CDS, o PCP iniciou uma jornada de esclarecimento junto dos trabalhadores e da população. Para hoje e amanhã, estavam agendadas dezenas de acções em...

Novamente a crescer

Conhecidos que são os resultados eleitorais nos dois círculos da Emigração (Europa e Fora da Europa), o PCP regista o crescimento da CDU em termos absolutos e relativos.

Novo governo para prosseguir velha política

O PCP reagiu, no dia 17, ao anúncio de composição do novo governo e à divulgação do Acordo Político entre PSD e CDS-PP. Transcrevemos na íntegra a posição do Partido:   «1- A gravidade da situação que o País...

Saúde cada vez mais inacessível

O PCP comentou, através de uma nota do seu Gabinete de Imprensa emitida no dia 15, os resultados do Relatório da Primavera elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS). Em sua opinião, estes confirmam «o que há muito o...

Cultura em debate na Guarda

Sem luz não há cor foi o lema do encontro realizado no dia 18 na Guarda sobre as questões da cultura. Participaram os deputados Ilda Figueiredo e João Oliveira e Filipe Diniz, membro da Comissão Nacional do PCP para as questões da cultura, para além da artista...

PCP recebeu associações profissionais de militares

O PCP recebeu, no dia 16, delegações de associações representativas dos oficiais (AOFA), sargentos (ANS) e praças (AP) que apresentaram um conjunto de preocupações quanto à reestruturação das Forças Armadas e ao seu...